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história nos mostra que quando Jesus fundou a Igreja através dos
Doze, ela tinha dinâmica familiar, mas também tinha a dinâmica comunitária. Em
Atos 2:42-47, diz que eles estavam juntos nas casas e no Templo.
Atos 5:42 diz que “...todos os dias, no
Templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o
Cristo...”. Atos 20:20 fala que o Evangelho era anunciado publicamente e de
casa em casa. É clara a evidência de que a Igreja foi fundada sobre a base de
comunidade e corporativismo; com reuniões nos lares e reuniões coletivas. Vemos aqui uma igreja de “duas asas”!
Até o
século IV, por volta do ano 313 d.C., a Igreja vinha crescendo de maneira
bíblica e equilibrada, havia um sentimento forte e perseverante da Igreja em
permanecer na doutrina dos apóstolos primitivos, mesmo em face das heresias que
bombardeavam o cristianismo de todos os lados. Paralelamente a isso os cristãos
sofriam a sua pior perseguição desde seu nascimento empreendida pelo Império
Romano, mas mesmo assim os cristãos não paravam de multiplicar e foi através
desta visão de grupos pequenos e coletivos que o Evangelho foi espalhado pelo
mundo afora, impactando aquela época.
Porém,
quando o Imperador Constantino subiu ao poder, ele promulgou um edito de
tolerância proibindo toda e qualquer perseguição aos cristãos dentro do Império
Romano, embora a preocupação dele fosse apenas política e não religiosa. Mais
tarde, no ano de 395 d.C, o Imperador Teodósio instituiu o cristianismo como a
religião oficial do Império. A Igreja foi ganhando espaço e havia muitos
interesses políticos que a rondavam. Muitas propriedades foram doadas à Igreja
e aos poucos seus templos foram sendo construídos e a coletividade da mesma
crescendo. Com isto, a Igreja perdeu a visão da Igreja de duas asas. A “asa
do grupo pequeno” se tornou cada vez mais fraca, por falta de exercício,
até atrofiar e tornar-se um apêndice sem vida e sem utilidade, ao lado da asa
exagerada do grupo grande. A Igreja de duas asas que havia planado nas maiores
alturas tornou-se agora uma Igreja de uma asa, as reuniões simples nas casas
que geravam comunhão e pastoreamento, deu lugar aos templos suntuosos e a
multidões de um líder só
Os
cultos nas catedrais passaram a ser a tônica do Cristianismo, se transformando
em grande força político-social, mas perdendo seu contexto espiritual. Do
século IV ao século XX, a Igreja esteve firmada sobre o sistema corporativista,
na base de “clero e leigos”, tornando-se então a Igreja de uma asa só. É claro
que houve alguns remanescentes da Igreja de duas asas, mas tão poucos que não
se fizeram muita diferença. Com isto, a Igreja do Senhor Jesus viveu uma
realidade escura e agora, no século XX, ressurgiu a realidade de comunidade, a outra
asa da Igreja, mas muitos grupos e denominações têm abandonado de maneira
radical a asa do corporativismo, voltando, assim, somente à prática da Igreja
nos lares, em comunidade, e, às vezes, até pregando que a base do
corporativismo não é algo de Deus. Isso é um equívoco!
A verdade é que no período “escuro” da Igreja houve um
desequilíbrio para o lado do corporativismo, mas agora, em muitas realidades
têm havido um desequilíbrio para o outro lado, o lado de
comunidade. O que Deus deseja é o equilíbrio
das duas asas.
Diante da
compreensão das Escrituras creio que Deus deseja que sejamos uma “igreja de
duas asas”. Uma igreja que leva a multidão a “celebrar” e que se reúne em
grupos pequenos para “integrar e multiplicar”. A qualidade um encontro caseiro,
onde vários grupos se reúnem diante de um propósito e debaixo de uma
supervisão, produzirá naturalmente celebrações mais genuínas e
integradas ao propósito da Grande Comissão (Mt.28.18-20).
Estas “duas
asas” da igreja geram adoração, comunhão,
evangelismo e liderança. Diante de um mundo tão corrido precisamos remir o
tempo e trabalhar com inteligência e foco. Nossa visão neste novo ano é fortalecer
nossas celebrações dominicais e incentivar as pessoas a valorizarem
relacionamentos através dos grupos pequenos.
Creio que
assim como Jesus tinha um ministério público (multidão) e particular (O grupo
dos Doze), da mesma forma a igreja deve se comportar, valorizando suas
celebrações dominicais e os encontros para relacionamento durante a
semana. Portanto reflita:
a)
A igreja
em celebração – são nossos ajuntamentos com toda a igreja local no domingo.
Neste espaço o desafio é levar a comunidade reunida a amar ao Senhor de todo
coração, intelecto, forças e ser... uma igreja que ama a Jesus e o prioriza
como Senhor.
b)
A igreja
em grupos – “são as mãos e as pernas” do Corpo de Cristo, onde os crentes
estrategicamente distribuídos em grupos caseiros compartilham a Palavra
informalmente, oram, cantam, evangelizam e são treinados para a multiplicação.
A ideia neste ajuntamento e levar as pessoas a amarem ao próximo, priorizando
relacionamentos.
c)
A igreja
em ação por meio de dons ou ministérios – A celebração dominical e do
grupo caseiro semanal levará a igreja a exercer a mutualidade, os mandamentos
recíprocos como também o exercício dos dons e ministérios. O fazer não será
mais um mero ativismo confinado a 15% de pessoas da igreja, mas a igreja toda.
Aleluia! Uma igreja com uma celebração teocêntrica e uma vida comunitária mais
participativa, não presa a meros programas, mas a relacionamentos... Uma igreja
mais comunitária e menos clerical.
Minha oração é que a igreja seja corajosa, bíblica e vibre com
aquilo que Deus vibra. Que Deus assim nos abençoe nesta empreitada.
Rev.
Gilberto Pires de Moraes
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