quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O desafio de amar a Deus e ao próximo!

Na tradição rabínica, a Torah (Pentateuco), como o Talmud (tradição oral dos judeus) sempre teve um papel importante na vida do povo hebreu. Os rabinos dividiam a lei em 613 mandamentos orais, distribuídos em 365 proibições e 248 prescrições. A tradição oral dos judeus foi passada dos pais para os filhos, e passaram a ter uma forte influência no dia-a-dia dos judeus e principalmente na sua práxis religiosa. Diante de tantas leis e tradições que envolviam o dia-a-dia dos judeus, Jesus foi indagado sobre qual seria o maior mandamento. Em resposta a indagação, Jesus Cristo resumiu a lei em dois mandamentos básicos e simples, porém profundos. O primeiro mandamento: Amar a Deus sobre todas as coisas, com toda a alma, mente, coração e forças, e o segundo mandamento: amar ao próximo como a si mesmo. Jesus ressaltou que nestes dois mandamentos se resumia a lei e os profetas (Mt.22.36-40).
Todo cristão sincero e consciente da graça e do amor de Deus, indagado de seu amor para com Deus, provavelmente vai declarar muitas “juras” de amor ao Senhor. Entretanto, o maior teste para evidenciarmos o amor de Deus em nossas vidas é termos uma atitude de obediência e compromisso para com Ele e Sua Palavra. Pessoas que amam a Deus fazem de tudo para agradar a Deus. Honram a Deus com suas vidas, com seu comportamento, com seus dons e talentos, com suas prioridades. Pessoas que amam a Deus não vivem na prática do pecado, pois neles está a divina semente ... (1Jo.3.9) O amor por Deus traz à alma maravilhosos benefícios. O fruto do Espírito se manifesta, Deus é louvado e glorificado. Agostinho chegou a dizer certa vez: “Ame a Deus e faça o que quiseres...” – Quando o amor de Deus está fluindo na vida do cristão, este amor é perceptível no seu testemunho, nos seus valores e na maneira como ele ser relaciona com os outros. Neste sentido os dois mandamentos dos quais Jesus resume a Lei estão profundamente ligados, são intrínsecos. Não se pode afirmar um negando o outro. Ambos se complementam. Quando afirmamos nosso amor por Deus, necessariamente teremos que demonstrar amor pelas pessoas. Portanto, amar o próximo não é uma opção, é uma exigência e uma conseqüência natural do cristão que ama a Deus.
Pensado nisto, temos o desafio de encarar o difícil espaço dos relacionamentos interpessoais. Muitas barreiras impedem as pessoas de viverem de forma harmoniosa umas com as outras. Esta dificuldade é notória no âmbito familiar, profissional, social e eclesiástico. Isto acontece por que somos pecadores. Nossa natureza pecaminosa é avessa a relacionamentos saudáveis, produtivos e duradouros (Gl.5.17-21). Entretanto, o amor de Deus se revela abundantemente na forma como amamos e nos interessamos pelas pessoas. Afirmar que se ama a Deus e odiar ao irmão, é uma falácia! O apóstolo João desmascara esta postura ao afirmar que não podemos amar a Deus a quem não vemos, se não pudermos amar ao nosso próximo o qual contemplamos... (1Jo.4.20). Portanto, nosso amor com Deus será evidenciado à medida que amarmos as pessoas, principalmente aquelas que aos nossos olhos são incompatíveis à nossa maneira de pensar e agir.
Pensando nisto, como vai seu amor por Deus hoje? Este amor é compatível com a qualidade de seus relacionamentos? Você tem experimentado uma verdadeira alegria em servir a Deus, em obedecê-Lo, em viver em novidade de vida? Para dominarmos esta difícil arte de relacionar-se com pessoas, a compreensão do amor de Deus por nós, é o caminho mais seguro para nos sensibilizarmos com as pessoas e suas fraquezas. Atitudes, palavras e posturas de amor são capazes de desarmar e transformar o comportamento de outras pessoas. Uma vez constrangidos pelo amor de Deus, estaremos aptos para amar as pessoas, e reproduzirmos na nossa relação com elas o que Deus fez por nós!
Que Deus nos fortaleça como Igreja no sentido de amarmos ao redentor de nossas vidas de todo coração, de toda a mente, de toda a alma e com todas as forças, como também amarmos o nosso próximo como a nós mesmos, deixando de lado o os melindres, o egoísmo e a auto-suficiência. Que de fato, possamos ser conhecidos como discípulos de Jesus Cristo pelas demonstrações de amor, afeto e altruísmo uns pelos os outros (Jo.13.35). Que Deus assim nos ajude. Amém!
Rev. Gilberto Pires de Moraes

LIÇÕES DE UM “JOELHO”!

“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito...” Rm.8.28

Sábado, dia 08 de agosto de 2009, foi um sábado comum como os outros. Acordei, tomei café e fui para a quadra com a expectativa de ter uma manhã de lazer com os amigos e irmãos da Igreja. Era uma manhã ensolarada, e a nossa “pelada” tinha tudo para ser muito boa. Foi então que num lance corriqueiro do jogo, sem que ninguém disputasse a bola comigo, caí no chão e vi a patela do meu joelho subir, sentindo uma dor terrível. Tomei um grande susto quando olhei para o meu joelho e percebi que algo de mais sério tinha acontecido. Fui socorrido pelo Resgate, meu joelho foi imobilizado e fui para o Hospital Municipal de Ermelino. No hospital tirei uma radiografia do joelho e foi constatado que havia rompido o tendão patelar do joelho esquerdo. O médico ao olhar a chapa, disse-me que eu teria que entrar na “faca”, ou seja, cirurgia. Depois de oito horas de espera no corredor do Pronto Socorro, vendo ocorrências de todo tipo, fui removido para o Hospital Sepaco na Vila Mariana, e a cirurgia só veio acontecer na terça-feira às 17.00 hs.
Louvo a Deus por que em todo este processo senti o carinho de Deus por mim e minha família. Apesar da espera até o momento da cirurgia, Deus me abençoou não permitindo que sentisse dores, fui bem atendido e medicado. Depois da cirurgia, o médico disse para a Rose, que o tratamento implicaria em 45 dias com o joelho imobilizado e posteriormente sessões de fisioterapia. Pois bem meus irmãos, eu tinha vários planos, várias atividades para cumprir na minha agenda e subitamente este fato trouxe algumas mudanças. Neste tempo de “molho” em casa, estive avaliando o aprendizado deste fato para a minha vida. Percebi o cuidado de Deus e dos irmãos que me socorreram, como daqueles que tem me auxiliado. Constatei o quanto somos frágeis e como carecemos da misericórdia de Deus diante de fatos que não podemos controlar. Constatei como no dia-a-dia, a rotina das pessoas pode ser mudada e como é importante confiar a Deus nossos medos e temores diante de fatos inesperados. Um exemplo disto, foi testemunhar no corredor do Pronto Socorro, o desespero de um pai e de uma mãe que perderam seu filho de 6 anos atropelado por uma moto. Aquilo me fez pensar nos meus filhos que tanto amo e como é difícil tratar com as fatalidades da vida. Todos os dias, pessoas tem suas rotinas subitamente mudadas por acidentes, enfermidades e tragédias no campo dos relacionamentos e das emoções. Diante disto, como é importante ter Jesus Cristo em nossas vidas, e saber que Ele não é pego de surpresa. Como é bom poder conhecer e contar com as promessas de Deus.
Meus amados depois de algumas semanas afastado da Igreja percebi o quanto amo o Ministério, e que privilégio é servir a Deus. Percebi também a benção que é “poder ir e vir”. Quando você fica confinado em casa, é necessário pedir discernimento e paciência a Deus para que o tédio não te domine. É necessário ter criatividade para que neste tempo de recolhimento você possa cultivar o solo do coração e aproveitar o tempo de uma maneira útil. Tenho orado para que diante desta incidente, Deus ministre ao meu coração e me ensine a valorizar coisas pequenas, que nem sempre enxergamos no cotidiano da nossa vida. Como pastor, faz parte do meu dia-a-dia visitar pessoas e orar por elas, e neste sentido tem sido interessante sentir o carinho da Igreja nas visitas e orações. De fato, todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito....
Concluindo amados, sei que em nossa comunidade há muitas pessoas passando por provas, e que nestas provas Deus nos aperfeiçoa a fim de que possamos nos identificar com os sofrimentos de Cristo. Jesus é a videira, nós somos os ramos. Como é precioso saber que em momentos específicos da vida, Deus nos “poda” afim de que possamos frutificar mais (Jo.15.2). Em todas as circunstancias, Deus está no controle. Sejam fatos previsíveis ou imprevisíveis, podemos contar com o cuidado de Deus e com sua pedagogia, que nos ajuda a amadurecer como filhos e filhas. A Ele toda glória, honra e louvor. Amém.
Rev. Gilberto Pires de Moraes